"Pressão Social"

Uma, duas curvas
Mais uma é o suficiente para surtar
Você se questiona
A visão fica turva
Inventa um mal estar, tudo para vomitar
"Estou comendo demais"
Tenta se lembrar
"Quando foi que eu me amei?"
Essas estrias eu não posso mais aceitar
Esconde o corpo, dentro do próprio corpo
A calça alta, tampa o estômago
Mal respira
Olhando no espelho
"Agora sim posso passear"
Os peitos estão agarrados pra fora
Como sua avó mandou ajustar
A bunda empinada
Mas lógico, sem ser vulgar
Sai de casa
Encontra o rolê
Tem medo de dançar
E como não teria se não tem coragem nem de usar o que quer
E ainda tem coragem de postar "não é macho que eu quero agradar"
Pois não é macho, é tudo e todos
Menos você
Desaprendeu a se amar
Por intuição, apoio de família e amigos
Por "assim você vai engordar"
E eu nem vou falar do cabelo
Que precisa ter definição
Queima ele todinho
Assim, liso ele vai ficar
Mal percebe você
O que a indústria faz
Sua avó te ensinou a se vestir
Sua mãe a se maquiar
Seu pai te ensinou a não ser puta
E você, se ensinou a se odiar
Tanta coisa linda e diferente
Cada dobrinha deveria ser especial
São tantos jeitos e trajeitos únicos
Mas tudo que importa é ser popular
Peituda e bunduda
Barriga, nunca mais
Tudo durinho, bem malhado
Pra todo homem te desejar
Todo mundo te invejar
E você não se matar
De ódio e desgosto
Do próprio lar.

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