"A autoestima vem com dor"

Meu nombre é italiano, jo soy branca e vim aqui pra aprender. Já vejo daqui a cor da resistência que em ti habita. Lindo de ver e apreciar, beleza incomum de cada um, mas que deveria ser comum no nosso país.
Não acredite neles, o seu sorriso é aclamado pelo público, querido e adorado, mas poucos vão te dizer, alguns vão ter medo, porque vivem uns vários anos atrasados, onde negro não sorria, só obedecia. Eles vão demorar a entender.
Teus olhos fundos, jabuticabas de outro mundo, parecem mostrar realmente outro mundo: a ancestralidade que habita em você, querendo sair, então deixe sair.
Tua alma dolorida, às vezes tende a mostrar os espinhos, mas eu vejo o broto lá de longe, florescendo e te colorindo, com tanta melanina, cada vez mais bonito de se ver.
Esse teu cabelo tão alto que parece chegar aos céus, tão lindos cachos, invejo os, pois num passe de mágica, estão brilhando, reluzentes a cada virada que você dá. Não desçam do pedestal que vós ireis colocar.
Anos de luta e tem gente que diz que acabou, cegos sem ver o tanto de sangue que ainda corre. Na favela ou no centro, o corpo no chão é sempre mais escuro, como o racismo que habita em vários.
E quem sou eu pra falar disso? Branca, privilegiada e no bairro "rico", mas consciente o suficiente pra dizer que apoio os meus semelhantes em qualquer parada, qualquer quebrada, zona ou cidade afastada. Não entendo a dor, mas estou aprendendo a história e vendo de que lado ela foi contada.'

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